Cleiton Luft segue os passos do pai, Silvio Luft, no cooperativismo. Tem na Cotrijal o braço forte para avançar. É na cooperativa que ele faz seus negócios de forma segura e tem todo o apoio para colher bons resultados.
A última safra de verão mais uma vez comprovou o quanto é importante ele ser associado de uma organização sólida como a Cotrijal. Com os recursos para implantação da soja todos oriundos da cooperativa, ele se beneficiou do seguro agrícola para evitar prejuízo, já que a produtividade foi muito abaixo da esperada.
Nos 270 hectares em Carazinho, ele colheu 30 sacas/hectare. Nos 275 hectares em Pontão, o resultado foi ainda mais baixo, 20 sacas/hectare. Com a indenização que recebeu do seguro, Cleiton conseguiu cobrir os custos de produção e ainda garantiu certa rentabilidade.
Na área de Carazinho, a garantia foi de 47,79 sacas/hectare, a R$ 160,00 a saca. Na área de Pontão, de 42,19 sacas/hectare, a R$ 160,00. “Na cooperativa tenho acesso aos insumos, através das campanhas de troca, assistência técnica de qualidade, além de segurança na comercialização”, afirma o produtor, que já garantiu o seguro para a próxima safra de verão e também para a área de trigo que foi implantada no inverno.
SEGURO EVITA PREJUÍZO
A realidade de Cleiton Luft é a de muitos associados da Cotrijal, que não tiveram prejuízo graças ao seguro. A média de produtividade na região de atuação da cooperativa na soja na safra 2021/22 foi de 39,15 sacas/hectare, redução de 40% em relação ao ano anterior, quando chegou a 65,4 sacas/hectare.
No milho, a perda foi ainda maior. A média de produtividade fechou em 69,7 sacos/hectare no ciclo 2021/22, contra 173,3 sacos/hectare na safra 2020/21.
Em toda a área de atuação, foram 102 mil hectares segurados na última safra, representando 80% da área financiada pela cooperativa. A expectativa é de que o valor das indenizações supere os R$ 300 milhões.
CRÉDITO SUBSIDIADO CADA VEZ MAIS ESCASSO
O primeiro semestre de 2022 foi um dos mais desafiadores das últimas décadas para o produtor rural devido à escassez de crédito agrícola. O Plano Safra 2021/22 ficou suspenso de fevereiro a junho, por falta de recursos para equalizar as taxas de juros. O resultado é que quem precisava de crédito teve que buscar no mercado privado, a juros bem mais altos.
A redução do crédito rural subsidiado pelo governo é uma realidade que ficou mais evidente com o anúncio do Plano Safra 2021/22. Embora o volume de recursos para pequenos e médios produtores tenha aumentado em relação ao ciclo anterior, a elevação das taxas de juros, o redirecionamento de grande parte dos subsídios ao crédito rural para a subvenção dos seguros agrícolas e também o substancial aumento do valor destinado a taxas de juros livres revelam a mudança.
Para Guilherme Bellotti de Melo, gerente da Consultoria de Agronegócios do Itaú BBA, dificilmente os subsídios continuarão ocorrendo como era no passado. “Se observarmos a velocidade de crescimento do agro e a necessidade de capital investido diante da oferta de recursos controlados, há um vão muito grande e daqui para frente os recursos privados devem ocupar parte desse espaço”, avalia.
Bellotti também entende que o seguro agrícola ganhará cada vez mais tração no Brasil “Isso está muito atrelado a maior disponibilidade de dados estatísticos para que as seguradoras consigam calibrar melhor os seus modelos de avaliação de risco para conseguir melhor precificação dos prêmios para o seguro”, pondera.
ÁREA DE INVERNO COBERTA COM SEGURO CRESCE
O mercado de seguros foi bastante impactado pelos prejuízos na agricultura no último ano. Primeiro, com a seca e depois a geada que atingiu a safrinha de milho no Paraná, que tem volume muito alto de área segurada. Depois, com a seca na safra de verão no Sul do país.
Por isso, segundo Marcelo Ivan Schwalbert, as seguradoras demoraram mais para lançar seus produtos tanto para o período de inverno quanto para o verão. Além disso, a escassez de recursos do governo também contribuiu para a demora.
A Cotrijal sempre buscou se antecipar na questão seguro, principalmente para que o produtor conseguisse a subvenção federal, que é acessada por “ordem de chegada”. Quanto mais cedo for feito o seguro, mas fácil de garantir a subvenção, porque os volumes destinados não são suficientes para atender toda a demanda brasileira. Como o Rio Grande do Sul é o último estado a plantar praticamente todas as culturas, se não houvesse esse trabalho antecipado pela cooperativa, muitas vezes os produtores não teriam conseguido a subvenção.
“Nos últimos dois anos, na Expodireto, já estávamos preparados para oferecer o seguro tanto de inverno quanto do verão. Em 2022, fizemos alguns contratos de inverno depois da feira, mas em volume pequeno, porque algumas seguradoras não haviam apresentado proposta”, explica Schwalbert.
Mesmo com o atraso e com algumas mudanças no formato do seguro, graças a parceria que a Cotrijal construiu com as seguradoras, para o inverno houve aumento do volume de seguro destinado para a cooperativa.
“No dia 30 de junho, foi finalizado o seguro de inverno, com 55% de incremento (trigo e cevada). Essa não é uma realidade em todo país. Só conseguimos porque temos credibilidade com as seguradoras e elas têm solidez. Não é o seguro ideal, mas ainda melhor que o praticado pelo mercado”, destaca.
SEGURANÇA PARA A COOPERATIVA
Neste primeiro semestre, de escassez de recursos, a cooperativa teve que buscar alternativas para garantir recursos para o produtor. “O lado bom é que já tínhamos expertise. Em outros momentos buscamos, por exemplo, o CRA Garantido. Isso nos deu conhecimento para conseguimos recursos livres e acessarmos outras operações nos bancos”, explica Marcelo Ivan Schwalbert.
Outro aspecto importante, é a grande quantidade de área segurada. “Se a área segurada fosse menor, talvez tivéssemos certa dificuldade para voltar a financiar o produtor, primeiro em volumes, segundo em taxas e prazos”, conclui.
O presidente da Cotrijal, Nei César Manica, afirma que a confiança do associado dá respaldo e credibilidade para a cooperativa. “A segurança que a Cotrijal consegue proporcionar aos seus associados hoje foi construída ao longo dos anos e é base para o bom relacionamento com instituições financeiras, fornecedores e o mercado como um todo”, avalia.
Ele reforça que o compromisso é trabalhar pelo coletivo. “É um ano desafiador, mas gostamos de desafios e estamos prontos para auxiliar o produtor que confia no cooperativismo”, afirma.
Para o vice-presidente, Enio Schroeder, os desafios são inerentes à produção de alimentos e o crescimento verificado nos últimos anos na cooperativa é sinal da confiança do produtor. “O verdadeiro cooperativismo se faz na prática. Esse ano, mesmo com todas as dificuldades, graças ao suporte da Cotrijal, o produtor pôde dar sequência ao seu planejamento”, ressalta.
Schroeder destaca ainda que a busca por soluções é permanente. “Temos um time grande, competente, atento às necessidades dos associados”, enfatiza.
Alerta aos produtores - O superintendente Administrativo-Financeiro da Cotrijal, Marcelo Ivan Schwalbert, alerta aos produtores que ainda não estão com os insumos garantidos para a safra de verão e também não encaminharam a contratação do seguro agrícola, que o façam o quanto antes. “Num ano de tanta imprevisibilidade, encaminhem logo o seu custeio junto ao banco ou à cooperativa e também o seguro agrícola. São duas variáveis extremamente importantes para o custo de produção e não podemos deixar pendentes, porque muito provavelmente ali na frente ou ele vai pagar mais caro para ambos ou pode não ter mais o recurso disponível”, afirma.
Comentarios