A médica Maiara Lopes, que atuou durante 03 anos no Posto Central de Não-Me-Toque e hoje está fazendo residência de pediatria no Hospital Presidente Vargas, em Porto Alegre, fez um relato sobre como está sendo a Covid-19 nas emergêcias e UPAS da capital gaúcha.
Depoimento Dr. Maiara
"Alguns dias são mais cansativos do que outros. Alguns dias a raiva dessa pandemia, da ingerência da crise e do negacionismo chega a arder na pele. E alguns dias o número assombroso de mortes choca mais que em outros.
A primeira vez que eu vi um Pronto Atendimento Pediátrico ser convertido às pressas em área para atender adultos foi 2013, no HUSM, para atender vítimas da Boate Kiss.
Aquela tinha sido a pior tragédia que eu vivenciei.
Em 2013 eu fiquei absurdamente abalada, mas chegou um momento que todos os sobreviventes tinha sido atendidos.
Agora os doentes vêm aos hospitais cada dia em maior número, nem todos recebendo a assistência necessária, mais mortes a cada dia, e o que eu sinto é que a maioria das pessoas não se abala mais.
Em 2021, seguimos na pandemia dessa doença nova, que transita entre acometimentos leves e gravíssimos, que já não se satisfaz de vítimas com comorbidades ou maior fragilidade; vejo mais uma vez leitos pediátricos convertidos em adultos. (E o número de crianças positivando também é crescente, ainda que a maioria com casos leves).
Obrigada pelas palmas... mas seja a pessoa que se importa; que usa máscara; que não aglomera; que ajuda os desentendidos com esclarecimentos; que roga pela vacina; que deseja um tratamento eficaz e comprovado o mais breve possível". Finalizou a doutora Maiara.
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